Cultivo de plantas

Reprodução seletiva em plantas
Tudo começou há milhares de anos… O Homem selecionava espécies vegetais com características que lhe interessavam e cruzava-as de modo a obter novas variedades de plantas. Tratava-se de uma reprodução seletiva, em que se isolavam progressivamente as plantas com as características pretendidas, até se chegar ao “produto final”.

Nos dias de hoje, a reprodução seletiva de plantas é ainda uma realidade. Mas à medida que o crescimento demográfico o exige, torna-se imperativo um aumento da quantidade e da qualidade das plantas produzidas. Para isso, já não bastam as técnicas tradicionais de seleção de plantas. É necessário recorrer a outras vias, através da clonagem, da regeneração de plantas a partir de protoplastos e da engenharia genética.



1. Clonagem de plantas
Quantos de nós já pensaram que, ao comer um morango, é possível que o vizinho do lado esteja a comer um morango exatamente igual ao nosso? O mesmo tamanho, a mesma cor, o mesmo sabor… Por outras palavras, um clone do morango que estamos a comer!
Este cenário é possível graças à clonagem de plantas, que, atualmente, é muito utilizada de forma a obter rapidamente um grande número de produtos vegetais todos iguais àquele de que se partiu. Tradicionalmente, o Homem foi obtendo clones de plantas, como mostra o esquema a seguir:


1 – Obtenção dos fragmentos a clonar.

2 – Humedecimento das extremidades e passagem por um pó de enraizamento.

3 – Introdução dos fragmentos em recipientes com terra rica em nutrientes.

4 – Colocação dos recipientes noutros maiores cobertos com vidro (miniestufa), onde as plantas se desenvolvem, sendo depois transplantadas.




No entanto, as técnicas modernas de clonagem de plantas baseiam-se na cultura in vitro de tecidos vegetais, num processo designado por micropropagação. Aqui, começa por se escolher um explante, isto é, uma pequena porção da planta (um fragmento de um caule com rebentos, de uma folha ou de raízes), que é passado por um líquido desinfetante seguido de uma lavagem em água destilada. Este explante é colocado num meio de cultura controlado, com nutrientes e hormonas, onde ocorre a sua multiplicação celular. Forma-se, assim, uma massa de células indiferenciadas, designada tecido caloso ou calo, o qual pode ser dividido em vários microrrebentos. Cada um deles é transferido para um meio de cultura apropriado, onde se desenvolve e forma uma plântula. As plântulas são depois inseridas em vasos com terra e colocadas em estufas, onde continuam a desenvolver-se antes de passarem para o ar livre.
Parece simples! Mas como é possível que se possa obter um tecido caloso com rebentos a partir de um explante? Todo este processo tem por base um conceito deveras importante: a totipotência. De facto, as células do explante, quando colocadas num meio de cultura apropriado, conseguem sofrer desdiferenciação, isto é, perder a sua especialização. Originam, deste modo, um conjunto de células indiferenciadas, a que chamámos tecido caloso. O facto de as células vegetais serem totipotentes mostra-se, pois, crucial na possibilidade de clonar plantas.
Não há dúvida de que a micropropagação apresenta inúmeras vantagens:
·         Permite obter um grande número de plantas iguais, com mais vigor e de uma forma mais rápida e económica;
·         Contribui para a proteção de espécies vegetais em vias de extinção;
·         Utiliza um único indivíduo, selecionado pelas suas características;
·         As características selecionadas prevalecem em todos os novos indivíduos.
MAS…
·         Requer uma técnica altamente especializada;
·         Reduz a variabilidade genética das plantas cultivadas, o que torna toda a plantação mais sensível a modificações ambientais e a pragas.

2. Regeneração de plantas a partir de protoplastos
As células vegetais têm na sua estrutura uma parede celular de celulose e encontram-se ligadas às células adjacentes por uma matriz de polissacarídeos. Ora, tanto esta matriz como a parede celular podem ser destruídas por processos físicos ou enzimáticos. Assim, podem isolar-se células vegetais sem parede celular – os protoplastos. Quando os protoplastos são colocados em meios de cultura adequados e esterilizados, podem regenerar plantas completas. Ao multiplicar-se, formam-se tecidos calosos que darão origem a plântulas. Atualmente, muitas plantas são obtidas por este processo, como é o caso da batateira, do tomateiro ou do milho.
 
3. Engenharia genética no melhoramento de plantas
A partir dos anos 80 século XX, a biotecnologia permitiu a manipulação do genoma das plantas, obtendo-se variedades com características melhoradas. É a técnica do DNA recombinante que torna tudo isto possível, através do isolamento de genes de interesse (que podem ser provenientes de inúmeros seres vivos, como bactérias) e da sua transferência para o genoma de outros indivíduos, neste caso, plantas. Esta modificação genética vai traduzir-se ao nível do fenótipo, obtendo-se um indivíduo com as características pretendidas. Os organismos que resultam deste processo de transformação genética, transgénese, são designados transgénicos.


Os transgénicos são organismos geneticamente modificados, OGM, e a sua produção permite o melhoramento de plantas na medida em que:
·         Aumenta a sua resistência a doenças;
·         Permite a adaptação a condições ambientais adversas;
·         Produz organismos com interesse económico;
O facto de as plantas terem ciclos de vida curtos, poderem ser autofecundadas e produzirem uma descendência numerosa facilita a manipulação genética das mesmas.
Atualmente, torna-se cada vez mais normal o consumo de alimentos vegetais transgénicos, como tomate, milho, soja e arroz.


Bibliografia
·         SILVA, Amparo Dias da et al. (2011). Terra, Universo de Vida. 1ªedição. Porto Editora;
·         www.pt.scribd.com;
·         www.ruisoares65.pbworks.com;
·         www.transgenicosap.webs.com.

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