Um resíduo
é qualquer substância ou objeto de que o ser humano se pretende desfazer por
não lhe reconhecer utilidade. A degradação do nosso planeta está diretamente
relacionada com a quantidade brutal de resíduos que todos os dias são produzidos
e libertados no meio ambiente. E com o desenvolvimento social, económico e
tecnológico das sociedades, esta produção de resíduos é ainda mais acentuada. Não
só o meio ambiente sofre com a deposição de resíduos, mas também a saúde humana
pode ser gravemente afetada. É, pois, essencial garantir que estes resíduos são
tratados, de forma a diminuirem o impacte ambiental.
Tratamento de resíduos sólidos urbanos (RSU)
O que são RSU? São
os designados lixos, que podem ser domésticos ou ter composição semelhante aos domésticos
(por exemplo, hospitalares ou industriais). Ao contrário dos
líquidos e dos gases, que se diluem no meio recetor, os resíduos sólidos
permanecem no local onde forem depositados, mesmo que venham a sofrer
transformações físico-químicas. Se estes resíduos não forem tratados, trarão
consequências gravíssimas ao nível ambiental e da saúde pública.
Antigamente, os resíduos sólidos
eram depositados em terrenos a céu aberto, as lixeiras, o que provocava graves problemas de saúde às populações,
devido à falta de monitorização e controlo. Atualmente, as sociedades
preocupam-se em dar aos resíduos um destino mais sustentável, através de formas
de tratamento como a deposição em aterros sanitários, a incineração, a compostagem e a reciclagem.
ATERROS SANITÁRIOS
São instalações acima ou abaixo da superfície cuja finalidade é a deposição
de RSU. Então, mas qual a diferença
entre um aterro sanitário e uma lixeira? É que nos aterros existe controlo e monitorização. Quando se
atinge a capacidade máxima do aterro, este é fechado e selado, evitando uma
grande degradação ambiental. Não é a solução ideal, já que implica grandes
áreas para a construção e uma manutenção muito rigorosa e pode vir a contaminar
as águas subterrâneas. Esta técnica não deve, pois, ser utilizada em vez de
outras técnicas de tratamento. Deve antes servir como um complemento. Quanto
maior a quantidade de resíduos que sofrem tratamento, menor será a quantidade a
depositar em aterros, pelo que a vida útil dos aterros é prolongada e os custos
de exploração diminuem.
Se houver deposição de uma
quantidade mínima de cerca de 200 toneladas de resíduos por dia, pode haver
aproveitamento de biogás produzido no aterro – aterro energético.
INCINERAÇÃO
Esta técnica de tratamento de
resíduos consiste numa combustão controlada dos mesmos, produzindo-se energia
calorífica que pode ser recuperada e aproveitada. Apesar da incineração
contribuir para a redução de grandes volumes de resíduos, exigir pequenas áreas
de implantação e ainda produzir energia, pode provocar poluição atmosférica,
devido à emissão de gases tóxicas. Liberta também metais pesados que, como
sabemos, são grandes poluentes. Por outro lado, pode envolver custos elevados. Por
isso, muitos incineradoes têm vindo a ser encerrados.
COMPOSTAGEM
Este processo
preocupa-se com o tratamento da fração orgânica dos resíduos sólidos, através
da sua decomposição, em condições de aerobiose. Esta degradação é realizada por
microrganismos, de uma forma controlada, que transformam o resíduo num material
designado composto (semelhante ao
húmus). Este processo ocorre em diversas fases, a diferentes
temperaturas. Inicialmente, dá-se uma fase mesófila, em que a temperatura varia
entre 30 e 38ºC.
Depois entramos na fase termófila, com temperaturas acima dos 50ºC e em que ocorre uma
decomposição rápida da matéria orgânica. Volta a surgir uma fase mesófila, na
qual se forma o composto. Este composto pode depois ser utilizado no
enriquecimento de solos agrícolas. Assim, a compostagem é uma óptima forma de reaproveitar
os RSU, tendo em conta que grande parte da sua constituição é matéria orgânica.
Esta técnica apresenta inúmeras vantagens, uma vez que não exige grandes áreas
de implantação e o impacte ambiental é muito reduzido.
RECICLAGEM
A
reciclagem de RSU permite a obtenção de produtos para o fim original ou para
outros fins. É, sem dúvida, uma forma excelente de reduzir o impacte ambiental
provocada pela libertação de resíduos sólidos, até porque 75 a 80% dos RSU
podem ser reciclados. A reciclagem destes resíduos também permite uma poupança
de energia e de recursos, visto que, para muitos materiais, a produção a partir
da reciclagem requer menos energia do que a produção a partir da matéria-prima.
No entanto, há que fomentar a reciclagem dos resíduos sólidos urbanos, pois
ainda é muito pequena a parte de RSU que está ser reciclada.
É
necessário promover entre os cidadãos a reciclagem de resíduos sólidos,
começando pela sua separação e colocação no ecoponto. Esta promoção deve ser
feita ao nível das comunidades, começando, por exemplo, pelas escolas. Claro que
não deixa de ser indispensável uma redução e reutilização dos resíduos, o que
diminui os custos e poupa energia e recursos.
Tratamento de águas residuais
As
águas residuais resultam de atividades domésticas, industriais, agrícolas ou
outras. Se estas águas não forem tratadas, levarão à poluição dos recursos
hídricos e a problemas de saúde pública, como diarreia, cólera e hepatite.
Assim,
o tratamento de águas residuais é um serviço público de extrema importância e
consiste na captação dessas águas por um sistema de drenagem, a rede de esgotos, constituindo-se os
efluentes urbanos.
O tratamento de águas residuais
é efetuado em instalações especializadas e construídas para o efeito – as estações
de tratamento de águas residuais (ETAR). Aqui, a água proveniente dos esgotos é
sujeita a tratamentos que permitem remover as substâncias contaminantes. O
resultado final é água não poluída, que é devolvida ao meio ambiente. O
tratamento depende das características iniciais do efluente e ocorre por fases:
- Tratamento preliminar – Quando o efluente
entra na ETAR, experimenta uma série de processos físicos que permitem a
remoção de materiais sólidos de grandes dimensões. As gorduras e os
sólidos em suspensão terão que ser removidos posteriormente.
- Tratamento primário – São eliminados por decantação grande parte dos materiais em suspensão (lamas primárias), formando-se um efluente constituído por matéria orgânica dissolvida e partículas coloidais ou em suspensão de dimensões reduzidas.
- Tratamento secundário – Reliza-se em biorreatores, em que microrganismos permitem a eliminação de grande parte da matéria orgânica, num processo aeróbio. Estes microrganismos ficam depois em suspensão e o efluente sofre nova decantação (lamas secundárias).
- Tratamento terciário (avançado) – Ocorre a desinfetação do efluente com cloro ou radiações UV, removendo-se microrganismos, nutrientes, poluentes específicos e outros. Forma-se, assim, um fluido que obedece aos parâmetros pretendidos, sendo devolvido ao ambiente.
Certos
materiais produzidos durante o tratamento nas ETAR podem ser reaproveitados, por
exemplo, na produção de biogás. As lamas resultantes da decantação nos
tratamentos primário e secundário podem ser sujeitas a decomposiçao por via
anaeróbia, em digestores, num processo designado biometanização. As lamas podem ainda ser sujeitas a compostagem, sendo utilizadas como
fertilizantes agrícolas.
Dependendo
das características das águas residuais e dos objetivos de qualidade que se
pretendem atingir, escolher-se-á o sistema de tratamento mais adequado. Uma
coisa é certa: a nossa saúde e a do planeta dependem em grande parte do
tratamento que é dado às águas
residuais.
Bibliografia
·
SILVA, Amparo Dias da et al. (2011). Terra,
Universo de Vida. 1ªedição. Porto Editora;
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